Pastor pede posicionamento mais “claro” de lideranças evangélicas
O nome de Eduardo Cunha (PMDB/RJ), atual presidente da Câmara dos Deputados, está em evidência praticamente desde que ele assumiu o cargo, no início do ano. Desafeto declarado do PT, muitas de suas decisões e discursos foram calcados no fato de ele ser membro de uma igreja evangélica.
Desde que aumentaram as possibilidades de um pedido de impeachment, que necessariamente passaria pela mesa presidida por ele, também cresceram os ataques por parte da ala governista.
Entre os muitos nomes mencionados nas delações da operação Lava Jato da Polícia Federal, o de Cunha tem recebido inegável destaque por parte da mídia. Logo, foi ele quem passou a ser ameaçado de impeachment.
O envolvimento de seu nome numa oferta de pelo menos R$ 250 mil feita a Assembleia de Deus Ministério Madureira em 2012 gerou uma denúncia contra ele por parte da Procuradoria Geral da República em agosto.
O fato maculou sua imagem como político, especialmente como um dos líderes da bancada evangélica. Acabou dividindo opiniões. Enquanto recebia apoio de Marco Feliciano, outra importante liderança política evangélica, era criticado por Silas Malafaia.
Nos últimos dias, Cunha voltou a ser citado em processos de corrupção que apontavam contas na Suíça com mais de cinco milhões de dólares em seu nome e no de sua esposa.
A postura de Cunha tem sido mostrar que é inocente, sendo alvo do governo petista.
“O presidente desconhece o teor dos fatos veiculados e não tecerá comentários sem ter acesso ao conteúdo real do que vem sendo divulgado. Assim que tiver ciência, por meio de seus advogados, o presidente se manifestará… Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado”, afirma a nota oficial divulgada pela sua assessoria.
Enquanto o Poder Judiciário não comprova se é culpado ou inocente, Cunha voltou a ser criticado por Malafaia nesta sexta (1). Como costume, o pastor usou sua conta no Twitter para pedir explicações do presidente da Câmara. “Dizer que advogado responde, não convence. Cunha como homem público, ocupando uma importante função, tem que esclarecer as denúncias”, escreveu.
Poucas horas depois, Malafaia também questionou publicamente pelo microblog a decisão do senadorMarcelo Crivella de reunir lideranças evangélicas com a presidente Dilma, costurando apoio para a volta da CPMF em troca de isenção para as igrejas.
“Pedir isenção de CPMF para igrejas. Somos contra a CPMF, se for aprovada, somos contra o privilégio para igrejas”, disparou.
O que os tuítes de Malafaia evidenciam é o acirramento do embate ideológico. Enquanto Cunha é aliado da bancada em questões de ética e que refletem valores cristãos, estão em campos opostos quando se trata das denúncias. Malafaia quer um posicionamento mais claro do deputado.
O senador não tem seu nome envolvido em denúncias de corrupção. Mesmo assim, representa um antigo desafeto de Silas, em um grupo político que apoia sem questionar as ações do atual governo e por isso a rota de colisão constante. Mesmo não sendo oficialmente parte atuante da bancada evangélica, usa sua influência junto a segmentos da igreja para mostrar seu poder de mobilização.
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